domingo, 22 de agosto de 2010

DANIELLE CORRÊA



O CAUSO DO ZÉ

Todo mundo conhece um Zé na vida, não importa; demore o tempo que for, um dia você acaba conhecendo um Zé, seja ele, um músico, vendedor de tapioca, eletricista, farofeiro, iluminador de teatro, quem sabe até um escritor renomado, enfim, não há ninguém que nunca tenha conhecido um Zé na vida. Eu, por exemplo, conheço muitos, isso sem contar os “Zé’s ninguéns” que existem de monte por esse mundão a fora. E como todo Zé, tem sempre alguma história para contar, eu já começo aqui a minha narrativa. E adivinhem como se chama o protagonista da história?
Mas, chega de brincadeira; eu conheço um Zé que é todo mulherengo, adora um rabo de saia; porém esse Zé sempre foi exigente com as moças que levava para casa. Mas um dia, nem tudo sai nos conformes.
Numa certa noite de sábado, como de costume, o Zé saiu para a gandaia a fim de ir atrás de alguns “brotinhos” - gíria usada há mais de duas décadas para definir alguém bonito. Parou num boteco e para começar a noite, pediu uma dose de conhaque. O dono do estabelecimento, logo comentou:- Hoje é dia Zé, dia de caça!
O Zé só acenou em tom de concordância, pagou a bebida e seguiu seu caminho, rumo à festa. Ele sabia que a noite prometia, também já sabia como ela terminaria.
Quando chegou, Zé fez seu olhar “360°”, a fim de avaliar o território. Avistou de primeira, um grupo de três mulheres rechonchudas, passado o susto viu uma japinha sem bunda, em seguida babou por uma loira peituda, depois se assustou com a pior da festa; uma morena banguela do cabelo duro; mas logo se animou quando viu várias beldades sentadas numa mesa com muita tequila. “Pelo menos não está tão mal assim, tem opções!”- pensou com profundo alívio.
As horas foram se passando com som das músicas e dos barulhos dos copos. Depois de vários copos de cerveja, caipirinha, o Zé já não era o mesmo, mas ainda assim estava em sã consciência e sabia que a japa não tinha bunda, não confundia as três rechonchudas com melancias gigantes e nem via dente na banguela do baile. Sem maldade leitor, mas cá para nós, é triste demais ver baranga. Porém, mesmo com as visões do inferno, Zé se animava com o rebolado da loira e com as risadas das três gatinhas sentadas.
Mas, a noite foi passando e a cada gole, Zé firmava a idéia de que não podia voltar para casa sozinho. Pelo menos uma das quatro, ou quem sabe as quatro ele ia levar.
De fato o Zé não voltou sozinho. Entretanto no dia seguinte, ao acordar com aquela ressaca, tomou um susto que até esqueceu da preguiça de abrir os olhos e da dor de cabeça, Zé não acreditava e nem eu: dormia ao seu lado um verdadeiro dragão. Depressa começou a pensar que se tivesse investido na japinha sem bunda, ou quem sabe em uma das três rechonchudas, não estaria naquela situação. Logo o Zé que sempre saiu com mulher refinada, se via agora ao lado da mais feia da festa. Numa ação inusitada despertou a moça, inventando uma desculpa para ela se mandar. Mas a moça demorou a ir, imaginem como estava feliz.
Quando ela se foi, a primeira coisa que o Zé fez foi pegar a latinha na geladeira e tomar para tentar se esquecer da loucura que cometera.
Dali em diante Zé, teve a certeza, de que é melhor estar sozinho do que mal acompanhado. Mas também teve certeza de que fizera sua contribuição para os astros celestiais, já que realmente fora muita bondade a dele, acolher com tal aconchego uma ‘coisinha feia’ daquelas. Tinha convicção de que fizera alguém feliz, pelo menos isso.
Tanto é verdade que depois de um tempo, a tal “panela de pressão” ligou.
- Preciso devolver sua blusa – lançou a proposta indiretamente. E imediatamente, Zé disse que ela não precisaria se incomodar. Que cavalheirismo, não?!

AUTORA: DANIELLE CORRÊA
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