domingo, 31 de outubro de 2010

EM BREVE






NOSSO PROJETO DE HQ.








Prólogo a Shakespeare

Tomei a liberdade de fazer alguns gracejos na minha monografia, dentre eles, fiz um prólogo a Shakespeare, texto que estou colocando aqui. Cito o conto Píramo e Tisbe, parte da mitologia romana que ficou conhecido através de Ovídio em seu livro Metamorfoses. Para ilustrar melhor, coloco também um trecho que explica o conto.

PRÓLOGO A SHAKESPEARE

Estou para Shakespeare como Tisbe está para Píramo, Shakespeare está para mim como Píramo está à Tisbe. Uma fenda na parede do tempo permite que poesia e admiração se comuniquem através de olhares, assim como permitiu o florescimento da paixão entre os amantes. A ruptura com o meu tempo permite que eu me aproxime do seu; a visão é pequena, desfocada e confusa. Ora, é a apenas a visão que a fenda me permite. O lapso da integridade dessa parede, dentro do que posso enxergar, me faz ter a ideia do que é você. Talvez seja uma visão idealizada dentro do que possa ser mostrado nesses centímetros de abertura, mas tudo é sempre muito bem observado.
Vi um homem que pode ser muitos, que pode ser todos. Às vezes, talvez pelo tamanho do buraco, talvez por sua diversidade, sua sombra me confundia com a de outros. Suas falas tinham a mesma força que o satélite lunar, capaz de mudar o percurso das marés. O brilho da sua estrela havia se convertido não só em um ponto na imensidão, mas em um céu inteiro, capaz de iluminar-nos através dos séculos, até os dias atuais. Apesar disso, este homem era homem, e não deus; padecia das mesmas dores, e sangrava como os homens de seu tempo. Tornava-se taciturno com as incertezas de uma época tão inconstante e gozava da mesma euforia que reveste o espírito do novo e da liberdade. Tornou-se fatalmente sombrio em algumas passagens, eram momentos em que sua própria nação encontrava-se em reviravoltas, mas não demorou a reconciliar-se com a literatura, usando novamente o espetáculo de grandes mitos para entreter seu público e adornar suas peças.


PÍRAMO E TISBE

"O conto de Píramo e Tisbe trata-se da história de dois jovens apaixonados que moravam em casas vizinhas. Píramo era o mais belo jovem e Tisbe a mais formosa donzela. Moravam em casas contíguas, da vizinhança tornaram-se cientes de si e deste conhecimento foi gerado o amor entre os jovens. O amor seria virtuoso se seus pais não proibissem seu casamento. Mesmo com esta oposição, o amor dos jovens foi florescendo, conversavam através de sinais e de olhares que tornava o sentimento mais intenso. Na parede que separava as casas havia uma fenda provocada por um defeito de construção. A fenda jamais havia sido notada pelos moradores das casas, mas não poderia ter passado em vão pelos olhos dos amantes que viram na rachadura a oportunidade para se comunicarem. Os jovens se comunicavam todos os dias através desta fenda e concluíram que a única opção que tinham era fugirem de suas casas. Píramo e Tisbe combinaram de se encontrar fora dos limites da cidade, ao pé de uma amoreira branca que encontrava-se próxima a uma fonte. Tisbe chegou primeiro ao local, e, enquanto aguardava Píramo, avistou uma leoa com a boca ensanguentada querendo saciar-se da fonte de água que encontrava-se aos pés da amoreira. Assustada, Tisbe correu para uma caverna em busca de abrigo, deixando seu véu cair sobre a terra. Quando Píramo chegou ao local, não avistou Tisbe, apenas seu véu ensanguentado e as marcas das patas da leoa. Píramo calculou que Tisbe havia sido vítima da leoa e resolveu tirar sua própria vida, a fim de unir-se a sua amada. Quando Tisbe voltou ao local, encontrou Píramo morto por sua própria espada, entendendo a situação e sentindo-se culpada por sua morte, Tisbe tirou também sua vida, de maneira que ao menos na morte o casal pudesse se unir. Segundo a mitologia, o sangue dos apaixonados teria sido derramado ao pé da amoreira as tingindo de vermelho e tornando-as símbolo do amor.
O drama de Píramo e Tisbe é considerado como a grande influência que levou Shakespeare a escrever um de seus mais famosos romances: Romeu e Julieta."